Empreender é dificil? Espere até ter que montar uma banda!
- Felipe Maia Barbosa

- 21 de fev.
- 4 min de leitura
Empreender se assemelha muito a ter uma banda. Essa comparação talvez venha à minha cabeça porque a minha profissão mais antiga é a de músico; já se passaram mais de 20 anos nessa empreitada.
Tudo começa com um sonho, um devaneio, uma vontade de colocar para fora um pensamento único, de expressar para o mundo a sua visão com o intuito de ajudar e elucidar outras pessoas sobre a beleza ou a tristeza de estar vivo.
Você reúne um grupo de semelhantes que têm o mesmo propósito, mas com bagagens diferentes e estilos de vida completamente distintos.
No começo, ninguém sabe tocar muito bem o seu instrumento, ou tem uma noção básica, mas todos vão aprendendo juntos. Não se fala muito sobre dinheiro, a vontade de fazer acontecer transborda, e começam os ensaios, as composições, as conexões...
Aí vem a definição do nome: um brainstorm de horas em que nada parece prestar. E, como num sonho, alguém surge com algo único, que todos parecem aceitar. Agradar a todos é impossível, acredite, já passei muito por isso.
Criam-se os perfis nas redes sociais, algum amigo talentoso faz um desenho para o logo da banda, outro conhecido faz uns adesivos, e vocês começam a postar todo o processo nas redes, até gravam alguns vídeos de bastidores. Até acontece de gravar uma música e colocá-la no Spotify, mas tudo é muito cru ainda.
Até que alguém arruma o primeiro show! O primeiro cliente de fato, que vai pagar pelo seu serviço musical de entreter e transmutar a energia de uma plateia inebriada de álcool em busca de uma fuga da realidade (Parece que estou falando de muitos aqui do LinkedIn, kkk).
Aí você se dá conta de que precisa de um orçamento, talvez em papel timbrado, calcular os custos: ensaios, regulagem dos instrumentos, gasolina, equipe técnica (que no começo não existe), porcentagem para quem vendeu o show, iluminador, roadie (calma, isso é mais para frente, estou só dando alguns spoilers). É óbvio que a conta não fecha, mas vocês pouco se importam, porque alguém realmente está te pagando por algo que você criou e idealizou, e isso não tem preço. Não existe inteligência artificial no mundo que substitua o prazer de empreender. Do ZERO!
O repertório é baseado nas suas influências, e óbvio que algumas composições próprias entram (afinal, você está construindo a sua história, a sua marca). Você divulga, até patrocina algo para impulsionar, avisa seus amigos pelo WhatsApp, manda no grupo da família, convoca o vizinho...
O show começa, poucas pessoas comparecem, o som está ruim, porque você não teve grana para a equipe técnica. Você se esforça ao máximo, empolga, até cativa algumas pessoas, mas tenha certeza: esse será o SEU PIOR SHOW! E que bom, o seu primeiro produto ou serviço será o seu PIOR! TENHA CERTEZA DISSO!
Acaba o show, a adrenalina está tomando conta do seu corpo. Você cumprimenta as pessoas que vieram, troca uma ideia, tenta receber do contratante, quem sabe até passa o contato para alguém da plateia... Toma uma cerveja para acalmar os ânimos e dorme.
Você acorda e se dá conta de que precisa fazer tudo de novo, agora um pouco mais maduro, com poucas pessoas te conhecendo, com um pouco mais de experiência, mas a jornada é constante e ininterrupta.
Começa a entrar uma grana no caixa, e vêm as disparidades: tem músico que compõe, outros que não; tem músico que vende o show, tem aquele que faz as artes, tem um amigo produtor... E tudo começa a se desenvolver na prática, na necessidade do dia a dia, no decorrer da sua história.
Alguns músicos se cansam do ensaio, começam a refletir se esse é o caminho deles, desistem da música, formam outra banda, tentam registrar o nome e levar a marca consigo, pegam os contratantes e oferecem outras opções...
No meu currículo, já passei algumas vezes por todo esse processo, e te garanto: ele não falha. Não importa o quanto "GRANDE" uma banda pareça, ela sempre passa por todos esses percalços.
Óbvio também que muitas bandas nem chegam na fase de realmente começarem a se pagar, porque se esquecem de que o mercado é MERCADO! Não importa se estamos falando de ARTE ou de FINANÇAS.
Qualquer semelhança com montar uma empresa é mera REALIDADE! A única diferença é que, no mundo dos negócios, damos nomes aos processos e tudo parece ser mais complexo do que de fato é.
Começar a compor - Insight
Convencer alguém para contratar a sua banda - Fazer um Pitch
Criar um nome - Naming
Perfis nas redes sociais - Comunicação
Convidar os familiares para o show - Propaganda
Fazer um vídeo/foto - Produção de conteúdo
Definir para onde vai o dinheiro - Fazer o Financeiro
Planejar os ensaios, shows, composições, próximos passos - Planejamento Estratégico
Contratar novos músicos, demitir outros - Recursos Humanos
…
Eu tenho tanto para lhe falar, mas com palavras, por enquanto, é isso. Até a segunda parte, quem sabe!
Felipe Maia
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